Você começou a perceber algumas mudanças no seu corpo, na disposição, no sono… e talvez já tenha ouvido falar sobre o climatério. Mas o que exatamente acontece nessa fase da vida da mulher? E, principalmente, o que é verdade e o que é mito quando o assunto é saúde íntima, lubrificação e vida sexual durante essa transição?
Se você tem dúvidas — e às vezes até um pouco de receio de perguntar —, este artigo foi feito para você. Vamos esclarecer com leveza, acolhimento e muita informação confiável.
Mito ou Verdade? “Climatério é o mesmo que menopausa.”
Mito.
Apesar de muita gente usar os termos como sinônimos, eles não são iguais. A menopausa é um marco: é a última menstruação da mulher, confirmada após 12 meses sem menstruar. Já o climatério é o período de transição que começa antes da menopausa e pode se estender por anos depois dela.
Durante esse tempo, o corpo vai reduzindo gradualmente a produção de estrogênio e progesterona, hormônios fundamentais para a saúde feminina — inclusive a saúde íntima.
Importante saber: os primeiros sintomas do climatério podem aparecer ainda na casa dos 40 anos.
Mito ou Verdade? “Toda mulher vai sofrer com secura vaginal nessa fase.”
Mito.
A redução da lubrificação vaginal é comum, mas não acontece com todas. Quando os níveis de estrogênio caem, a mucosa vaginal pode se tornar mais fina, menos elástica e menos lubrificada. Isso pode causar ardor, coceira e dor nas relações sexuais.
Mas há mulheres que passam por essa fase sem qualquer incômodo. Cada corpo é único — e o autoconhecimento é o primeiro passo para perceber as mudanças e buscar apoio.
Mito ou Verdade? “A vida sexual acaba na menopausa.”
Mito (e dos grandes!).
A sexualidade não tem data de validade. O desejo pode mudar, sim, mas isso não significa que ele desapareça. Muitas mulheres redescobrem sua sexualidade com mais liberdade, segurança e autoestima nessa fase.
A chave está em adaptar-se às novas necessidades do corpo. E, se houver desconforto, existe tratamento — desde lubrificantes e hidratantes até terapias hormonais locais, tudo com orientação médica.
Mito ou Verdade? “Reposição hormonal é perigosa e deve ser evitada.”
Mito.
A terapia de reposição hormonal (TRH) é segura para muitas mulheres e pode ser uma excelente aliada quando há sintomas intensos. Ela não é obrigatória e não é indicada para todas, mas quando bem avaliada por um médico, pode trazer alívio para ondas de calor, secura vaginal e alterações de humor.
Existe também a terapia hormonal local, em forma de creme ou óvulo vaginal, com absorção local, voltada exclusivamente para a saúde íntima.
Sempre converse com um ginecologista para avaliar riscos e benefícios no seu caso.
Mito ou Verdade? “Só o ginecologista cuida da mulher no climatério.”
Mito.
O cuidado com a mulher nessa fase vai muito além de consultas ginecológicas. A atuação de uma equipe multidisciplinar faz toda a diferença:
- Fisioterapeutas pélvicas ajudam no fortalecimento da musculatura vaginal e na melhora da lubrificação natural.
- Psicólogos podem auxiliar no acolhimento emocional das mudanças físicas e afetivas.
- Nutricionistas orientam sobre alimentos que favorecem o equilíbrio hormonal e previnem sintomas.
- Educadores físicos ajudam na escolha de atividades que melhoram o bem-estar e o metabolismo.
O climatério pede uma escuta mais ampla — e uma rede de cuidado afetiva e especializada.
Mito ou Verdade? “Mulheres nessa fase têm mais infecções íntimas.”
Verdade.
Com a diminuição do estrogênio, o pH vaginal se altera, e a flora bacteriana natural pode ficar desequilibrada. Isso facilita o surgimento de infecções como vaginose bacteriana, candidíase e infecções urinárias.
Mas isso não significa que seja inevitável. Com o cuidado adequado — incluindo higiene íntima equilibrada, acompanhamento ginecológico e uso de hidratantes vaginais e hormonioterapia— é possível reduzir bastante a incidência desses desconfortos.
Mito ou Verdade? “É normal sentir dor na relação sexual no climatério e não tem o que fazer.”
Mito.
Sentir dor ao se relacionar não é normal — é comum, mas não deveria ser ignorado. Isso pode ser sinal de secura vaginal, atrofia da mucosa ou tensão pélvica.
A boa notícia é que há soluções: lubrificantes, tratamento hormonal local, fisioterapia pélvica, entre outras alternativas. O mais importante é falar sobre isso — com o médico e com o parceiro(a).
💬 O diálogo é um dos pilares da saúde íntima.
Mito ou Verdade? “Exercícios ajudam a melhorar os sintomas do climatério.”
Verdade.
Movimentar o corpo melhora o humor, alivia o estresse, fortalece ossos e músculos, regula o sono e ainda ajuda a equilibrar os hormônios.
- Atividades como caminhada, yoga, pilates, dança e principalmente a musculação, têm efeitos muito positivos nessa fase.
- A prática regular também ajuda na autoconfiança e autoestima, que podem oscilar nesse período.
Mito ou Verdade? “Suplementos e fitoterápicos naturais substituem os tratamentos médicos.”
Mito.
Existem fitoterápicos com ação estrogênica leve, como isoflavonas da soja, cimicifuga e outros. Eles podem ser úteis, principalmente nos casos em que a terapia hormonal não é indicada.
Mas é fundamental lembrar: nada deve ser usado sem orientação médica. Mesmo os produtos “naturais” têm contraindicações e interações medicamentosas.
Mito ou Verdade? “O climatério é o fim da feminilidade.”
Mito (e um dos mais injustos).
Feminilidade não está presa à capacidade reprodutiva. O climatério é uma nova etapa, com outros ritmos, outras descobertas — e, sim, muito potencial.
Muitas mulheres se redescobrem nessa fase. Com mais autoconhecimento, liberdade e foco no que realmente importa, esse pode ser um tempo de potência, e não de perda.
Para lembrar:
- O climatério é uma fase natural da vida.
- As mudanças são reais, mas há como passar por tudo isso com saúde e prazer.
- Falar sobre o assunto é o primeiro passo para cuidar de si com mais leveza e informação.
Técnica Responsável:
Dra. Samantha Ramos Toledo Pessôa – CRM-SP: 104245
Ginecologista Obstétrica e Medicina Fetal.
Título em Ginecologia e Obstetrícia pela FEBRASGO, com Certificado de Atuação em Medicina Fetal pela FEBRASGO.
Imagem: Canva
Fontes:
- Mayo Clinic – Menopause
- Harvard Health Publishing – Sexuality after menopause
- Johns Hopkins Medicine – Vaginal Atrophy
- FEBRASGO – Saúde Sexual na Menopausa
- Hospital Sírio-Libanês – Terapia de Reposição Hormonal
- USP – Fisioterapia no Climatério
- The North American Menopause Society – Menopause Management