Durante a gravidez, é comum surgirem dúvidas sobre o que está acontecendo com o corpo — especialmente quando começam as contrações. Muitas gestantes, principalmente as de primeira viagem, se perguntam: isso é normal ou pode ser um sinal de parto prematuro?
Essa pergunta faz todo sentido. Afinal, nem toda contração é um sinal de que o bebê está prestes a nascer. Algumas são apenas uma preparação do corpo. Outras, no entanto, indicam que é hora de procurar ajuda. Neste texto, vamos te ajudar a entender essas diferenças de forma simples e direta.
Contrações de treinamento: o ensaio do corpo para o parto
As contrações de treinamento, também chamadas de Braxton Hicks, podem surgir a partir da metade da gestação, por volta da 20ª semana, mas são mais comuns no terceiro trimestre. Elas não são motivo de alarme. O útero, que é um músculo, faz esse tipo de movimento para se preparar para o parto — como se fosse um “treino”.
Essas contrações podem deixar a barriga dura por alguns segundos e depois relaxar. Na maioria das vezes, não causam dor. Às vezes, a mulher só percebe um desconforto ou uma leve pressão.
Como reconhecer esse tipo de contração:
- São irregulares (não seguem um padrão de tempo);
- Não aumentam de intensidade nem de frequência;
- Costumam passar com repouso ou hidratação;
- Não estão acompanhadas de outros sintomas, como dor forte, sangramento ou perda de líquido.
Elas são um sinal de que o corpo está funcionando normalmente — e não indicam que o parto está próximo.
Parto antes da hora: quando as contrações exigem atenção
O trabalho de parto prematuro acontece quando o útero começa a contração efetiva para o nascimento antes da 37ª semana completa de gestação. Nesses casos, as contrações podem vir acompanhadas de outros sinais, e isso exige atenção imediata.
É importante observar não apenas a frequência das contrações, mas também como o corpo responde. Se as contrações forem ritmadas, intensas, e vierem junto com sintomas como dor ou perda de secreções, pode ser um alerta.
Fique atenta se notar:
- Contrações regulares, com intervalos fixos;
- Dor nas costas, especialmente na região lombar;
- Pressão pélvica, como se o bebê estivesse “empurrando para baixo”;
- Corrimento vaginal anormal, com sangue, muco ou aparência líquida;
- Sensação de cólicas que não passam com repouso;
- Ruptura da bolsa amniótica, mesmo com pequena quantidade saída de líquido amniótico;
- Redução perceptível dos movimentos do bebê.
Na dúvida, o mais seguro é buscar atendimento médico sem demora.
Comparando os dois tipos de contração
Para facilitar a identificação, veja a comparação abaixo entre as contrações de treinamento e as que podem indicar um parto prematuro:
Diferença entre Contrações de Treinamento e Parto Prematuro
Aspecto | Treinamento (Braxton Hicks) | Parto prematuro |
---|---|---|
Frequência | Irregular | Regulares e próximas |
Intensidade | Leve e estável | Crescente e dolorosa |
Alívio com repouso | Sim | Não |
Sintomas associados | Nenhum | Pode haver dor, sangramento, secreção |
Efeito com hidratação | Melhora | Permanece |
Essa tabela ajuda a visualizar os padrões mais comuns, mas cada corpo reage de um jeito. Por isso, qualquer sinal diferente do habitual deve ser levado ao médico.
Por que é importante identificar sinais precoces de parto prematuro?
Se o bebê nasce antes da hora, ele pode enfrentar desafios porque ainda não completou seu desenvolvimento, principalmente dos pulmões e do sistema imunológico. Por isso, prolongar a gestação o máximo possível dentro da segurança é fundamental.
Ao perceber os sinais no início, o médico pode intervir com medicamentos e estratégias para retardar o parto, proteger o bebê e preparar o corpo da mãe. Muitas vezes, isso faz diferença no tempo de internação do recém-nascido e nas chances de uma recuperação tranquila.
O que fazer ao sentir contrações?
O primeiro passo é observar com calma: o intervalo entre uma contração e outra, a intensidade e se há outros sintomas associados. Algumas orientações simples podem ajudar:
- Deite-se e veja se a contração melhora;
- Beba água e aguarde alguns minutos;
- Preste atenção se o desconforto aumenta com o tempo;
- Observe se há qualquer outro sinal: sangramento, líquido, dor nas costas, diminuição dos movimentos do bebê.
Se os sintomas não passarem ou aumentarem, não espere. Entre em contato com seu obstetra ou vá para a maternidade.
Aliviando o desconforto das contrações de treino
Embora sejam comuns e não representem risco, as contrações de Braxton Hicks podem ser desconfortáveis. Algumas ações simples ajudam a aliviar a sensação:
- Descansar em um ambiente tranquilo;
- Mudar de posição (ficar em pé, deitar de lado ou caminhar);
- Hidratar-se bem;
- Fazer respirações profundas;
- Evitar situações de estresse e ansiedade.
Lembre-se: se você estiver insegura, fale com seu médico. Nenhuma dúvida deve ser ignorada durante a gestação.
Saber diferenciar os sinais do corpo durante a gravidez é um cuidado importante para viver essa fase com mais segurança e tranquilidade. As contrações de treinamento fazem parte do preparo para o parto, enquanto contrações frequentes e intensas, com outros sintomas, podem indicar a necessidade de atenção médica.
Ficar informada e atenta ao seu corpo é um dos melhores jeitos de cuidar de você e do bebê. E se surgir qualquer insegurança, procure seu obstetra — melhor pecar pelo excesso de cuidado do que pela ausência dele.
Técnica Responsável:
Dra. Samantha Ramos Toledo Pessôa – CRM-SP: 104245 – Ginecologista Obstétrica e Medicina Fetal na Clínica Núcleo Mater.
Título em GO pela FEBRASGO, Certificado de Atuação em Medicina Fetal pela FEBRASGO.
Imagem: Canva