Os sinais mais comuns da pré-eclâmpsia incluem o aumento da pressão arterial.

Pré-eclâmpsia: Saiba Identificar os Sintomas e Proteger Sua Gravidez

Entrevista dra. Maria Fernanda Lopes

Você já ouviu falar em pré-eclâmpsia? Essa complicação da gravidez pode gerar muitas dúvidas e preocupações, especialmente entre gestantes e suas famílias. Para esclarecer as principais questões sobre o tema, conversamos com a Dra. Maria Fernanda Lopes, especialista em Ginecologia, Obstetrícia e Medicina Fetal com título pela FEBRASGO. Leia a entrevista e entenda como essa condição pode ser identificada, tratada e, em alguns casos, prevenida!


Dra. Maria Fernanda Lopes: A pré-eclâmpsia é uma complicação que ocorre geralmente após a 20ª semana de gestação e é caracterizada por hipertensão arterial e pela presença de proteína na urina (proteinúria) da gestante. Essa complicação é específica da gravidez e pode afetar diversos sistemas do corpo da mãe, como os rins, o fígado e o sistema cardiovascular. Em casos mais graves, pode também impactar diretamente o desenvolvimento do bebê. A pré-eclâmpsia é uma condição séria que exige acompanhamento e intervenção precoce para evitar complicações graves tanto para a mãe quanto para o bebê.


Dra. Maria Fernanda Lopes: Os sinais mais comuns da pré-eclâmpsia incluem o aumento da pressão arterial, que é frequentemente detectado durante as consultas de pré-natal. Além disso, a presença de proteína na urina pode ser confirmada por exames laboratoriais. Outros sintomas incluem inchaços no rosto, pés e mãos, discretos ou não, cefaleias persistentes, alterações na visão, como visão turva ou pontos brilhantes, e dores na parte superior direita do abdômen. É essencial que a gestante esteja atenta a qualquer mudança durante a gravidez e procure orientação médica imediatamente se notar algo diferente.


Dra. Maria Fernanda Lopes: A pré-eclâmpsia pode impactar o bebê principalmente por meio da restrição de crescimento intrauterino. Isso acontece porque a redução do fluxo sanguíneo para a placenta compromete a entrega de oxigênio e nutrientes essenciais para o desenvolvimento do feto. Em casos mais graves, a hipertensão arterial materna pode até levar ao descolamento prematuro da placenta, parto prematuro e, infelizmente, ao óbito fetal. O manejo adequado é fundamental para minimizar esses riscos e garantir o melhor desfecho possível para o bebê e para a mãe.


Dra. Maria Fernanda Lopes: O diagnóstico é realizado durante o acompanhamento pré-natal, por meio da aferição regular da pressão arterial, exame clínico e de exames laboratoriais. A detecção da proteinúria, feita por exames de urina, é uma peça-chave para confirmar o diagnóstico. Em situações de suspeita, realizamos exames de sangue para avaliar a função renal e hepática e verificar a contagem de plaquetas. Além disso, a ultrassonografia com Doppler pode ser utilizada para avaliar o fluxo sanguíneo entre a mãe e a placenta, o que ajuda a identificar se o bebê está recebendo oxigênio e nutrientes adequados. Essa avaliação completa permite identificar precocemente a condição e planejar a melhor abordagem para cada caso.


Dra. Maria Fernanda Lopes: A causa exata da pré-eclâmpsia ainda não é completamente compreendida, mas sabemos que está relacionada a alterações vasculares da placenta. Quando a placenta não se adapta ao organismo materno adequadamente, ela causa um processo inflamatório gerando um desequilíbrio nos vasos que resultam em um suprimento sanguíneo uterino inadequado e aumento da pressão arterial. Fatores de risco incluem hipertensão crônica, diabetes, obesidade, gravidez de gêmeos, histórico de pré-eclâmpsia, doenças de coagulação entre outros. Além disso, mulheres que estão grávidas pela primeira vez ou que possuem doenças autoimunes também têm maior risco de desenvolver a condição.


Dra. Maria Fernanda Lopes: A pré-eclâmpsia pode ter consequências graves tanto para a mãe quanto para o bebê. Para a mãe, as complicações incluem insuficiência renal e hepática, hemorragias cerebrais, convulsões (caracterizando a eclâmpsia), descolamento prematuro da placenta, hemorragia e, em casos extremos, morte materna. Para o bebê, a principal consequência é a restrição de crescimento intrauterino, causada pela redução do fluxo sanguíneo para a placenta. Essa condição pode levar ao parto prematuro, que muitas vezes é necessário para preservar a vida da mãe e do bebê. A prematuridade pode resultar em dificuldades respiratórias, infecções e problemas neurológicos a longo prazo.


Dra. Maria Fernanda Lopes: Embora não seja possível prevenir todos os casos de pré-eclâmpsia, existem medidas que podem reduzir o risco, especialmente para gestantes que apresentam fatores de risco. Uma delas é o uso de ácido acetil salicílico em baixa dose, que deve ser iniciada antes das 16 semanas de gestação em mulheres de alto risco. Outra estratégia é a suplementação de cálcio, especialmente para mulheres com baixa ingestão desse mineral. Adotar um estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada, controle de peso e prática de exercícios físicos moderados, também pode ajudar a reduzir o risco. No entanto, o acompanhamento pré-natal é a principal forma de garantir que qualquer sinal de alerta seja detectado precocemente.


Dra. Maria Fernanda Lopes: A eclâmpsia é a complicação mais grave da pré-eclâmpsia, caracterizada pela ocorrência de convulsões na mãe. Essa condição pode causar danos permanentes ao cérebro, insuficiência renal, insuficiência hepática e falência de múltiplos órgãos. Para o bebê, a eclâmpsia aumenta significativamente o risco de prematuridade extrema, que pode levar a dificuldades respiratórias, problemas neurológicos a longo prazo e complicações neonatais. Tanto a pré-eclâmpsia quanto a eclâmpsia reforçam a necessidade de monitoramento constante durante o pré-natal.


Dra. Maria Fernanda Lopes: A pré-eclâmpsia é uma condição séria, mas o diagnóstico precoce e o acompanhamento médico adequado fazem toda a diferença. Um adequado pré-natal é a melhor ferramenta para garantir a saúde da mãe e do bebê. Não hesite em esclarecer dúvidas com seu médico e siga as orientações recomendadas. Lembre-se de que a sua saúde e a do seu bebê são prioridades, e o cuidado contínuo é essencial para uma gravidez saudável.

Imagem: arquivo da entrevistada.