Mulher sentada a mesa pesquisando como se preparar para o ultrassom.

O Que Você Precisa Saber Antes de Fazer um Ultrassom?

Se você já precisou fazer um exame de ultrassom, talvez tenha ficado com algumas dúvidas: por que às vezes pedem para estar em jejum? Por que em outros casos é preciso encher a bexiga? Dá para fazer o exame menstruada? E se eu esquecer de seguir as orientações, o que acontece?

Para esclarecer todas essas perguntas com uma linguagem simples e acolhedora, conversamos com a dra. Samantha Ramos Toledo Pessôa, médica ginecologista, obstetra e especialista em medicina fetal, com título pela FEBRASGO. Acompanhe abaixo os principais pontos da entrevista e entenda como a preparação antes do ultrassom pode impactar diretamente a qualidade do exame — e a sua saúde.


É verdade que o ultrassom é um exame muito seguro e não invasivo, mas ele depende de um fator fundamental: a qualidade da imagem. E essa qualidade está diretamente ligada à forma como o paciente chega ao exame. Alimentação, bexiga, hidratação… tudo isso influencia na nitidez da imagem. Então, quando pedimos jejum ou bexiga cheia, não é um capricho. É o que vai garantir que o profissional consiga visualizar os órgãos da forma mais precisa possível.


O jejum costuma ser indicado para exames de abdome superior, abdome total e vias biliares, porque o processo digestivo produz gases que dificultam a visualização. A vesícula, por exemplo, só aparece cheia se a pessoa está em jejum. Se o paciente tiver se alimentado, ela já começou a esvaziar — e aí não conseguimos avaliar direito se há cálculos ou inflamações. Por isso, normalmente pedimos 6 a 8 horas sem comer ou beber nada, nem café ou água.


Esse é outro pedido frequente. A bexiga cheia ajuda a empurrar os intestinos, criando uma “janela” para o aparelho conseguir enxergar o útero, os ovários ou o colo do útero. Isso é importante em ultrassons pélvicos e também em muitos exames obstétricos no início da gravidez. A recomendação usual é ingerir de 600 a 800 ml de água cerca de 1 hora antes do exame e evitar urinar até ser chamado.


Sim. No ultrassom transvaginal, por exemplo, a bexiga precisa estar vazia para que o transdutor consiga se aproximar dos órgãos pélvicos com mais liberdade. Com a bexiga cheia, o útero pode ficar deslocado e a imagem perde nitidez. Então sempre orientamos que a paciente esvazie a bexiga pouco antes do exame.


Pode, mas muitas vezes não deve. Se o preparo não for seguido corretamente, o exame pode ficar incompleto ou impreciso. O ideal é que seja feito de novo, o que gera desconforto, desperdício de tempo e até atraso em diagnósticos importantes. Então, minha sugestão sempre é: se tiver qualquer dúvida, entre em contato com o local do exame e pergunte. É melhor se informar do que precisar remarcar.


Na maioria das vezes, estar sangrando não interfere nos exames. Para exames como ultrassom obstétrico, abdominal ou mamário, não há problema algum. Já no ultrassom transvaginal, a paciente pode sentir um desconforto, pois neste período ela está mais sensível, o que pode interferir na avaliação das estruturas. Mas isso não impossibilita o exame. Ainda mais se o motivo for o diagnóstico nas irregularidades menstruais.


Sim, interfere. Cremes, óleos ou hidratantes podem atrapalhar o contato entre o aparelho e a pele, dificultando a propagação das ondas sonoras. O ideal é que no dia do exame a pele esteja limpa e seca. Isso vale especialmente para ultrassons de mamas, abdome e musculoesqueléticos.


Para pacientes diabéticos, o jejum só deve ser feito com orientação médica. O mais seguro é que a clínica seja avisada no momento do agendamento, para que possamos encontrar o melhor horário para o exame ou adaptar as orientações. Nunca indicamos que uma pessoa com diabetes fique várias horas sem comer sem acompanhamento.


O preparo depende do tipo de avaliação. No Doppler obstétrico, por exemplo, orientamos evitar café, energéticos e cigarro antes do exame, pois eles alteram a frequência cardíaca e o fluxo sanguíneo. Já nos ultrassons 3D e 4D, que são mais utilizados para visualizar o rostinho do bebê, a hidratação nos dias anteriores ao exame pode fazer diferença. Um bom volume de líquido amniótico melhora muito a qualidade das imagens.


Sim! Sempre recomendo levar:

  • Documento de identidade com foto;
  • Cartão do pré-natal (no caso de gestantes);
  • Exames anteriores, se houver (mesmo que antigos);
  • Pedido médico original.

Esses documentos ajudam a montar o histórico do paciente e até a comparar alterações ou acompanhar a evolução de alguma condição.


Mais do que um exame de imagem, o ultrassom é um momento de cuidado com o corpo e com a saúde. Preparar-se bem mostra respeito com esse momento e com o profissional que está ali para cuidar de você. Então, siga as orientações com atenção, não tenha vergonha de perguntar, e lembre-se de que quanto mais qualidade na imagem, mais segurança no diagnóstico.


Técnica Responsável: Dra. Samantha Ramos Toledo Pessôa – CRM-SP: 104245
Ginecologista Obstétrica e Medicina Fetal. Título em Ginecologia e Obstetrícia pela FEBRASGO. Certificado de Atuação em Medicina Fetal pela FEBRASGO.

Imagens: Arquivo pessoal e Canva