Escolher um método contraceptivo pode parecer simples, mas logo surgem as dúvidas: qual é o mais indicado? Vai me fazer mal? É confiável? A verdade é que não existe um anticoncepcional “melhor” para todas as pessoas, e sim o mais adequado para cada momento da sua vida, para o seu corpo e para os seus planos.
Neste artigo, vamos responder às perguntas mais comuns sobre os métodos contraceptivos, explicando de forma clara os diferentes tipos e ajudando você a entender o que considerar na hora da escolha.
Quais são os tipos de anticoncepcionais disponíveis?
Hoje, existem dois grandes grupos de métodos contraceptivos: os hormonais e os não hormonais. Eles atuam de maneiras diferentes, e cada um tem suas vantagens e pontos de atenção.
Métodos hormonais:
- Pílula combinada: contém estrogênio e progesterona. Deve ser tomada todos os dias, no mesmo horário.
- Minipílula: tem apenas progesterona. Indicada para quem não pode usar estrogênio.
- Adesivo transdérmico: colocado na pele e trocado semanalmente. Libera hormônios continuamente.
- Anel vaginal: colocado na vagina, é trocado a cada 3 semanas.
- Injeções mensais ou trimestrais: aplicação intramuscular com efeito contínuo.
- Implante subdérmico: pequeno bastão inserido sob a pele do braço, com duração de até 3 anos.
- DIU hormonal (SIU): dispositivo intrauterino que libera progesterona por até 8 anos.
Métodos não hormonais:
- Preservativo masculino e feminino: além de evitar a gravidez, protegem contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
- DIU de cobre: não contém hormônios e atua criando um ambiente hostil aos espermatozoides.
- Tabelinha / método do ciclo: exige controle rigoroso do ciclo menstrual.
- Coito interrompido: muito falho, não recomendado.
- Esterilização (laqueadura ou vasectomia): método definitivo.
Qual é o método mais seguro?
Os métodos têm taxas de eficácia diferentes e dependem do uso correto. Os métodos de longa duração, como o DIU e o implante, costumam ser os mais eficazes porque não dependem da lembrança diária.
Veja algumas comparações simples:
- Pílula (uso típico): 91% de eficácia
- Preservativo masculino (uso típico): 85%
- Implante: mais de 99%
- DIU hormonal ou de cobre: mais de 99%
Ou seja, quanto menos o método depender do uso correto diário ou do parceiro, maior tende a ser sua eficácia.
Anticoncepcionais engordam?
Essa é uma pergunta muito comum. A verdade é que algumas mulheres relatam ganho de peso ao iniciar métodos hormonais, especialmente os que contêm progesterona isolada ou de uso contínuo.
Mas isso não acontece com todo mundo. Cada corpo reage de uma forma. O ganho de peso pode estar ligado a retenção de líquidos, aumento do apetite ou alterações no metabolismo — e, em muitos casos, não tem relação direta com o anticoncepcional.
Dica importante: se você perceber mudanças no corpo ou no humor após iniciar um método, é válido conversar com o profissional de saúde para avaliar alternativas.
Qual anticoncepcional não tem hormônio?
Se você busca uma opção sem hormônio, pode considerar:
- Preservativos
- DIU de cobre
- Tabelinha ou método de ovulação
- Coito interrompido (não recomendado pela alta taxa de falha)
- Laqueadura ou vasectomia (caso a decisão seja definitiva)
Esses métodos são ideais para quem tem restrições ao uso de hormônios, como casos de trombose, hipertensão, enxaqueca com aura ou histórico familiar de problemas cardiovasculares.
Qual o melhor método para quem tem enxaqueca?
Quem sofre com enxaqueca com aura (aquela que vem acompanhada de visão embaçada, pontos de luz ou formigamento) deve evitar métodos com estrogênio, pois esse hormônio pode aumentar o risco de AVC.
Nesses casos, as opções mais seguras incluem:
- Minipílula (apenas progesterona)
- DIU hormonal ou de cobre
- Implante subdérmico
- Injeção trimestral
- Preservativos
Anticoncepcional dá espinha?
Alguns métodos hormonais podem melhorar ou piorar a acne, dependendo da composição hormonal e da sensibilidade individual. Pílulas com ação antiandrogênica, por exemplo, tendem a ajudar no controle da oleosidade da pele.
Por outro lado, métodos com alta dose de progesterona ou progesterona isolada podem favorecer o surgimento de espinhas em algumas pessoas.
Dá para engravidar usando anticoncepcional?
Sim, nenhum método é 100% infalível, mas a chance é pequena se o método for utilizado corretamente. Esquecer a pílula, furar o preservativo, atrasar a injeção… tudo isso pode reduzir a eficácia.
Métodos de longa duração (como DIU e implante) têm taxas de falha menores porque não dependem do uso diário.
Posso usar anticoncepcional por muitos anos seguidos?
Sim, é possível usar um mesmo método por anos — desde que esteja funcionando bem e com acompanhamento médico regular. No caso da pílula, por exemplo, não há necessidade de fazer “pausas mensais” a cada ano, como muita gente ainda acredita.
O importante é que o método continue sendo adequado ao seu corpo e ao seu momento de vida. Com o tempo, pode ser necessário ajustar.
Quem está amamentando pode usar anticoncepcional?
Sim, mas é importante saber que nem todos os métodos são recomendados nesse período.
Os métodos indicados durante a amamentação são:
- Anticoncepcional oral com progesterona
- Implante
- Injeção trimestral
- DIU hormonal ou de cobre
- Preservativos
Esses métodos não interferem na produção de leite e são seguros para o bebê.
Existe método anticoncepcional masculino além da camisinha?
Atualmente, os únicos métodos masculinos disponíveis são:
- Preservativo
- Vasectomia (procedimento cirúrgico definitivo)
Apesar de muitas pesquisas sobre anticoncepcionais hormonais masculinos estarem em andamento, ainda não há opções amplamente disponíveis no mercado.
Anticoncepcional altera a menstruação?
Sim, alguns métodos podem reduzir o fluxo menstrual, espaçar os ciclos ou até interrompê-los completamente. Isso acontece com implantes, injeções trimestrais e, em alguns casos, com o uso contínuo da pílula.
Esse efeito é considerado seguro e pode, inclusive, ser desejado por quem sofre com cólicas intensas ou endometriose, por exemplo.
Como saber qual é o melhor para mim?
A escolha do anticoncepcional ideal depende de vários fatores, como:
- Seu histórico de saúde
- Possibilidade de uso de hormônios
- Desejo de engravidar no curto ou longo prazo
- Ritmo de vida e rotina
- Preferência pessoal e tolerância aos efeitos colaterais
É por isso que uma conversa individualizada com um profissional da saúde é tão importante. Ele vai avaliar seu perfil, esclarecer suas dúvidas e ajudar você a fazer uma escolha consciente e segura.
E se o anticoncepcional escolhido não funcionar bem?
Não tem problema. Às vezes, o primeiro método escolhido não se adapta ao seu corpo, e é preciso testar outras opções.
Você pode perceber isso por meio de:
- Efeitos colaterais desagradáveis
- Mudanças no humor
- Alterações no ciclo menstrual
- Incômodo com a rotina de uso
O importante é não desistir do cuidado com a sua saúde reprodutiva. Existem muitas opções disponíveis, e você certamente encontrará a que melhor combina com você.
Conclusão
Escolher um método anticoncepcional é uma decisão importante — e muito pessoal. A boa notícia é que, hoje, existem diversas opções seguras e eficazes, com características variadas para atender diferentes perfis e necessidades.
Quanto mais informação você tiver, mais fácil será tomar uma decisão consciente. E lembre-se: essa escolha pode (e deve) ser revista ao longo da vida.
Técnica Responsável:
Dra. Samantha Ramos Toledo Pessôa – CRM-SP: 104245
Ginecologista Obstétrica e Medicina Fetal.
Título em Ginecologia e Obstetrícia pela FEBRASGO.
Certificado de Atuação em Medicina Fetal pela FEBRASGO.
Imagem: Canva
Fontes:
- FEBRASGO – Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia: https://www.febrasgo.org.br
- Ministério da Saúde: https://www.gov.br/saude
- Hospital Israelita Albert Einstein: https://www.einstein.br
- Organização Mundial da Saúde (OMS): https://www.who.int
- Mayo Clinic – Birth control methods: https://www.mayoclinic.org
- American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG): https://www.acog.org
- Harvard Health Publishing: https://www.health.harvard.edu