Você sabia que existem diferentes exames de imagem para avaliar a saúde das mamas? Se você já ouviu falar em mamografia e em ultrassom mamário (também chamado de ultrassonografia mamária ou ecografia das mamas), provavelmente ficou em dúvida sobre qual seria o melhor ou por que alguns médicos recomendam fazer os dois. Neste texto, vamos conversar de maneira clara e acessível sobre o ultrassom de mamas, comparando-o à mamografia, destacando as principais diferenças, benefícios e em quais situações esse exame se torna mais indicado.
O foco aqui é ajudar você, leitora ou leitor, a entender o que esperar de cada procedimento e como eles podem se complementar. Lembre-se de que cada caso é único, e o profissional de saúde é a pessoa mais indicada para orientar quais exames são mais apropriados em cada situação.
1. O que é o Ultrassom Mamário?
O ultrassom mamário é um exame de imagem que utiliza ondas sonoras de alta frequência para gerar imagens do interior das mamas. Diferente da mamografia, que emprega raios X, o ultrassom não envolve radiação. Esse fato o torna especialmente útil para investigar lesões em mulheres jovens ou para complementar outros exames em casos de mamas densas.
Durante o procedimento, a paciente fica deitada enquanto o profissional aplica um gel sobre a pele das mamas. Em seguida, usa-se um aparelho chamado transdutor, que emite ondas sonoras e capta o eco resultante do contato com os tecidos internos. Esses ecos são transformados em imagens em tempo real, exibidas na tela do equipamento. O exame é rápido, indolor e não tem contraindicação quanto ao uso de radiação, pois simplesmente não há radiação envolvida.
2. Como Funciona a Mamografia?
A mamografia é o método mais difundido para o rastreamento do câncer de mama em boa parte do mundo. Ela utiliza raios X em baixa dose para gerar imagens bidimensionais da mama. O exame costuma ser indicado, de forma geral, a partir dos 40 anos, seguindo protocolos de rastreamento de acordo com as orientações médicas. Em alguns casos de maior risco, pode ser indicado começar antes.
Na mamografia, cada mama é posicionada e levemente comprimida entre duas placas para melhorar a qualidade da imagem e facilitar a detecção de microcalcificações ou outras anormalidades. Embora essa compressão possa gerar algum desconforto, é um passo essencial para se obter uma imagem mais clara, que permita identificar alterações sutis. As microcalcificações, por exemplo, podem aparecer como pequenos pontos brancos na película ou no arquivo digital, muitas vezes se mostrando como um sinal precoce de uma lesão maligna.
3. Comparando as Principais Diferenças
Para facilitar, vamos pontuar algumas diferenças fundamentais entre ultrassom mamário e mamografia:
- Tipo de energia usada
- Mamografia: emprega raios X, que são uma forma de radiação ionizante.
- Ultrassom: utiliza ondas de som (não ionizantes).
- O que cada exame consegue ver
- Mamografia: é excelente para detectar microcalcificações, que podem indicar etapas iniciais de um câncer de mama.
- Ultrassom: ajuda a diferenciar nódulos sólidos de cistos, oferecendo informações mais detalhadas sobre a natureza das lesões. Também é útil em mamas densas, pois essas podem “mascarar” algumas alterações na mamografia.
- Faixa etária e situações especiais
- Mamografia: mais comum em mulheres acima dos 40 anos como exame de rastreamento de rotina, mas pode ser indicado antes em casos de alto risco.
- Ultrassom: bastante usado em mulheres jovens, gestantes ou lactantes, já que não há radiação. Em algumas situações, é o primeiro exame para investigar nódulos palpáveis.
- Exposição à radiação
- Mamografia: envolve baixa dose de radiação, em níveis considerados seguros.
- Ultrassom: não há exposição a radiação, permitindo inclusive repetições frequentes quando necessário.
- Desconforto
- Mamografia: requer compressão das mamas, o que pode gerar algum incômodo.
- Ultrassom: geralmente indolor, pois o contato é feito somente com o transdutor e um gel na pele.
4. Por que a Mamografia Continua Sendo Fundamental?
Você pode se perguntar: se o ultrassom mamário parece tão vantajoso em alguns aspectos, por que a mamografia é ainda considerada o principal método de rastreamento? A resposta está na capacidade da mamografia de detectar microcalcificações, que muitas vezes podem ser o único indício de uma lesão maligna em fase inicial. Esses pequenos depósitos de cálcio não costumam ser vistos tão facilmente no ultrassom.
Estudos e diretrizes internacionais mostram que a mamografia, quando realizada periodicamente, está associada à redução na mortalidade por câncer de mama em determinadas faixas etárias. Por isso, mesmo com a praticidade e segurança do ultrassom, a mamografia ainda é essencial, e o método indicado, para grande parte das mulheres, principalmente quando se trata de rastreamento na faixa acima dos 40 anos.
5. Quando o Ultrassom Mamário É Mais Indicado?
Apesar de a mamografia ser o exame de rotina em muitas situações, o ultrassom das mamas pode ser o método de escolha ou complementar em diversas circunstâncias:
- Mamas densas: em mulheres que apresentam mamas mais densas, a mamografia pode deixar passar pequenas alterações por causa da semelhança de densidade entre o tecido normal e as possíveis lesões. Nesses casos, o ultrassom mamário serve como uma ferramenta adicional para “enxergar” o que a mamografia não conseguiu destacar.
- Avaliação de nódulos suspeitos: quando a mamografia identifica um nódulo, o ultrassom é frequentemente solicitado para confirmar se aquele nódulo é sólido ou cístico (cheio de líquido). O exame pode ajudar na biópsia guiada.
- Gestação e lactação: mulheres grávidas ou que estão amamentando podem precisar de exames para investigar sintomas como dores ou nódulos nas mamas. O ultrassom não traz preocupações relacionadas à radiação, podendo ser realizado sem riscos adicionais ao bebê.
- Mulheres muito jovens: embora menos frequente, o câncer de mama pode ocorrer em faixas etárias mais baixas. Nestas situações, como o tecido costuma ser mais denso, o ultrassom pode ser o primeiro passo para investigação de queixas específicas, complementando outras estratégias.
- Orientação de procedimentos: durante uma biópsia, o médico pode usar o ultrassom para guiar a agulha até o local exato, garantindo maior precisão na coleta de material para análise.
6. Como se Preparar para o Ultrassom e para a Mamografia?
A preparação para esses exames costuma ser bastante simples:
- Ultrassom de mamas: não exige dieta ou uso de medicamentos especiais. Basta chegar com as mamas limpas, sem aplicar cremes, óleos ou loções na região, pois eles podem atrapalhar a transmissão das ondas sonoras.
- Mamografia: recomenda-se não usar desodorantes, talcos ou cremes contendo partículas metálicas no dia do exame, para evitar imagens artefatos que podem ser confundidos com microcalcificações. Caso você tenha muita sensibilidade nas mamas, pode ser interessante agendar o exame na semana após o período menstrual, quando a sensibilidade é menor.
Em geral, tanto a mamografia quanto o ultrassom são procedimentos rápidos, e o desconforto, quando existe, costuma ser temporário. Se houver dúvidas ou inseguranças, converse com o profissional de saúde para que ele possa explicar cada etapa do exame.
7. Qual Exame Escolher?
Muitas pessoas se questionam se devem fazer apenas a mamografia ou somente o ultrassom. A realidade é que os dois exames podem se complementar. A mamografia é indicada como exame de rastreamento em boa parte das diretrizes médicas por sua alta capacidade de detectar calcificações precoces associadas ao câncer de mama. O ultrassom se mostra muito valioso em casos de mamas densas ou para investigar melhor alguma alteração suspeita.
A decisão final sobre qual exame ou combinação de exames realizar depende de fatores como:
- Idade
- Histórico familiar de câncer de mama ou de ovário
- Densidade das mamas
- Situação clínica atual (gravidez, amamentação, presença de algum sintoma)
- Achados em exames anteriores
Por isso, o ideal é conversar com um médico ginecologista ou mastologista, que poderá orientar com base em cada contexto individual.
8. A Importância do Diagnóstico Precoce
Falar sobre exames de mama é sempre uma oportunidade para reforçar a relevância do diagnóstico precoce do câncer de mama. Quando detectado em estágios iniciais, as chances de tratamento bem-sucedido aumentam. Isso se deve ao fato de que tumores iniciais costumam ser menores e ainda não se espalharam para outras partes do corpo.
Além dos exames de imagem, vale a pena manter o autoconhecimento do corpo em dia, observando qualquer alteração de forma, cor ou textura das mamas e dos mamilos. Se notar um nódulo, uma vermelhidão persistente, mudanças na pele ou saída de secreção do mamilo, procure avaliação médica. Nem sempre essas alterações são sinônimo de algo grave, mas precisam ser investigadas.
9. Complementariedade e Segurança
A tecnologia tem avançado muito tanto no campo da mamografia quanto no do ultrassom das mamas. Hoje, é possível contar com versões mais modernas da mamografia, como a tomossíntese, que obtém múltiplas “fatias” da mama, ampliando a detecção de lesões e reduzindo sobreposições. Já no ultrassom, aparelhos cada vez mais sofisticados permitem avaliar os tecidos com maior nitidez, além de recursos como o Doppler para observar o fluxo sanguíneo em nódulos suspeitos.
Em conjunto, essas ferramentas fornecem uma visão ampla do que acontece dentro das mamas e aumentam a confiança nos diagnósticos. O mais importante é seguir a orientação do profissional de saúde, que indicará a melhor estratégia de rastreamento ou investigação, considerando o histórico clínico de cada paciente.
10. Conclusão
O ultrassom mamário é um exame valioso para analisar a saúde das mamas, complementar achados de mamografia e oferecer alternativas de diagnóstico em casos específicos. Seu grande atrativo é não utilizar radiação, o que o torna seguro e viável em diversas circunstâncias, incluindo gravidez e períodos de amamentação. Por outro lado, a mamografia segue sendo o exame de rastreamento primário recomendado pela maioria das diretrizes médicas, pois detecta microcalcificações precoces que podem indicar um câncer em fase inicial.
O mais importante é compreender que cada paciente tem características únicas, e os profissionais de saúde podem adotar diferentes métodos de imagem em cada caso. Se você tem dúvidas sobre o exame de ultrassonografia mamária ou a mamografia, procure conversar com seu médico, que poderá esclarecer qual ou quais exames são mais indicados na sua situação.
Prevenir é sempre melhor do que remediar. Manter uma rotina de cuidados, adotar hábitos saudáveis e estar atenta (ou atento) às mudanças no corpo são passos fundamentais para uma vida mais equilibrada e segura. Com informação, orientação profissional adequada e exames de qualidade, fica muito mais fácil garantir uma boa saúde das mamas.
Técnica Responsável
Dra. Samantha Ramos Toledo Pessôa – CRM-SP: 104245 – Ginecologista Obstétrica e Medicina Fetal na Clínica Núcleo Mater. Título em GO pela FEBRASGO, Certificado de Atuação em Medicina Fetal pela FEBRASGO.
Imagem: Canva
Fontes
- American Cancer Society: Breast Ultrasound
- Radiological Society of North America (RSNA): Breast Ultrasound Overview
- Hospital Israelita Albert Einstein: Exames de Imagem para Mamas
- Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR): Orientações sobre exames de imagem de mama
- Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM): Recomendações sobre rastreamento e diagnóstico mamário