Durante a gravidez, muitas mulheres ficam preocupadas ao sentir contrações fora de hora, especialmente antes do final do terceiro trimestre. Sentir o útero enrijecer em alguns momentos pode ser uma experiência assustadora, mas é importante saber que nem todas as contrações indicam um problema.
As gestantes normalmente apresentam contrações chamadas Braxton Hicks, que são indolores e irregulares. É uma forma do corpo se preparar para o trabalho de parto. No entanto, quando as contrações se tornam frequentes e dolorosas, antes da 37ª semana, é importante ficar atenta. Elas podem ser sinal de trabalho de parto prematuro, que exigem cuidados especiais para evitar complicações.
Para esclarecer essa questão e tranquilizar as futuras mamães, convidamos a Dra. Samantha Ramos Toledo Pessôa, ginecologista obstetra e especialista em medicina fetal, para explicar o que são as contrações prematuras, como identificá-las, e o que pode ser feito para prevenir e tratar esses casos. Vamos conferir?
O que são exatamente as contrações prematuras e como elas diferem das contrações normais?
Dra. Samantha Pessôa: As contrações prematuras são contrações uterinas que ocorrem antes da 37ª semana de gestação e podem indicar um risco de parto prematuro. Elas são diferentes das contrações de Braxton Hicks, que são irregulares, indolores e consideradas normais no segundo e terceiro trimestres, mais precisamente após as 34 semanas de gestação. Estas também são chamadas de contração de treinamento. Já as contrações prematuras, têm uma frequência, são regulares e podem estar associadas a outros sinais de alerta, como dor nas costas, pressão pélvica ou secreções vaginais.
Quais são as principais causas das contrações prematuras?
Dra. Samantha Pessôa: Existem várias causas possíveis. A causa mais comum são infecções materna, como infeção urinaria, vulvovagintes e infecções dentarias. Mas sabemos que alterações hormonais, gravidez múltipla e condições como má-formação uterina ou problemas na placenta podem aumentar o risco. Além disso, fatores como tabagismo, idade materna avançada e histórico de partos prematuros também são fatores de risco importantes.
Quais são os sinais de alerta que as gestantes devem observar?
Dra. Samantha Pessôa: O principal sinal de alerta é o padrão das contrações. Se as contrações forem regulares e acontecerem com frequência, geralmente a cada 10 minutos ou menos, é importante procurar ajuda médica. Outros sinais incluem dor nas costas que não passa, sensação de pressão na pelve, cólicas semelhantes às menstruais e um aumento ou mudança no tipo de secreção vaginal, como um líquido claro ou rosado ou até mesmo mucoide.
O que deve ser feito quando uma mulher percebe esses sintomas?
Dra. Samantha Pessôa: Ao notar esses sintomas, o primeiro passo é entrar em contato com o médico imediatamente. No consultório, faremos uma avaliação detalhada, que sempre inclui o exame físico. Já exames laboratoriais para checagem de infeções e o ultrassom para verificar a vitalidade do bebê e o estado do colo do útero, também podem ser solicitados. O ultrassom transvaginal e o Doppler são exames bastante importantes para monitorar esses casos e garantir a segurança da gestante e do bebê.
Como podemos prevenir as contrações prematuras?
Dra. Samantha Pessôa: A prevenção envolve cuidados gerais com a saúde, como uma boa alimentação, hidratação adequada, evitar atividades físicas intensas e o controle de infecções. Para mulheres com alto risco, o médico pode sugerir medicamentos ou outras medidas preventivas. O acompanhamento pré-natal é fundamental para identificar precocemente qualquer alteração e agir antes que as contrações evoluam para um parto prematuro.
E quais são os tratamentos disponíveis caso as contrações prematuras comecem?
Dra. Samantha Pessôa: O tratamento vai depender da gravidade do caso. Em algumas situações, o repouso absoluto pode ser suficiente. Em outros casos, podem ser necessários medicamentos para inibir as contrações e, em casos mais graves, a internação hospitalar. Além disso, monitoramos a saúde do bebê de perto, utilizando ultrassons para garantir que ele esteja se desenvolvendo bem.
Quais são as possíveis complicações se o parto prematuro não puder ser evitado?
Dra. Samantha Pessôa: O principal risco é o nascimento prematuro, que pode levar a complicações como: problemas respiratórios, baixo peso ao nascer e até mesmo dificuldades de alimentação e desenvolvimento. Quanto mais cedo o bebê nasce, maiores são os riscos. Por isso, o objetivo é sempre prolongar a gestação o máximo possível para que o bebê tenha mais chances de se desenvolver plenamente antes do nascimento.
Para muitas gestantes, sentir contrações antes do tempo pode ser uma experiência cheia de incertezas, mas com a orientação adequada e atenção aos sinais, é possível agir rapidamente e garantir o melhor desfecho possível para mãe e bebê.
Como vimos na explicação da Dra. Samantha Pessôa, nem todas as contrações são preocupantes, e entender a diferença entre contrações de Braxton Hicks e as contrações prematuras é fundamental para tranquilizar as futuras mamães.
Se você está grávida e tem dúvidas ou sente qualquer desconforto, não hesite em buscar o acompanhamento médico. O pré-natal bem-feito, com apoio de profissionais especializados, é a melhor maneira de buscar uma gestação segura e tranquila.
Técnica Responsável: Dra. Samantha Ramos Toledo Pessôa – CRM-SP: 104245 – Ginecologista Obstétrica e Medicina Fetal. Título em GO pela FEBRASGO, Certificado de Atuação em Medicina Fetal pela FEBRASGO.
Imagem: FreePik
Fontes:
- American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG): https://www.acog.org
- Mayo Clinic: https://www.mayoclinic.org
- National Institutes of Health (NIH): https://www.nih.gov
- Hospital Israelita Albert Einstein: https://www.einstein.br
- Organização Mundial da Saúde (OMS): https://www.who.int