As malformações congênitas são alterações que acontecem durante o desenvolvimento do bebê ainda no útero. Elas podem afetar diferentes partes do corpo, como o coração, o cérebro, os membros ou outros órgãos internos. Algumas são leves e não causam grandes consequências, mas outras podem ter um impacto mais significativo na saúde do bebê.
Vamos conversar sobre as principais causas, como identificar essas condições e o que pode ser feito para cuidar de crianças que nascem com alguma malformação. É um assunto importante, e conhecer mais sobre ele ajuda a lidar com os desafios e encontrar soluções.
O que são malformações congênitas?
Malformações congênitas, ou anomalias congênitas, são condições que aparecem no bebê enquanto ele ainda está se formando na barriga da mãe. Isso pode acontecer por vários motivos, como fatores genéticos, ambientais ou até uma combinação dos dois.
Aqui no Brasil, elas são uma das principais causas de mortalidade infantil, perdendo apenas para complicações no parto. No mundo todo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 3% e 6% dos bebês nascem com algum tipo de malformação, causando um grande impacto, portanto é muito importante entender mais sobre o tema.
Quais são as causas das malformações congênitas?
Existem três grandes grupos de causas para as malformações congênitas. Vamos falar de cada um de forma simples:
- Fatores genéticos: Algumas condições acontecem porque há alterações nos genes ou nos cromossomos. Um exemplo é a síndrome de Down, que está ligada à trissomia do cromossomo 21. Outras condições genéticas podem ser passadas de pais para filhos.
- Fatores ambientais: Durante a gravidez, o que a mãe come, bebe ou até o ambiente ao qual ela está exposta pode influenciar o bebê. Certos medicamentos, o uso de álcool ou drogas, e até infecções como rubéola podem aumentar o risco de malformações.
- Causas multifatoriais: Muitas vezes, é uma combinação de genética e ambiente que leva a essas condições. Por exemplo, o lábio leporino é um caso clássico onde vários fatores podem estar presentes.
Além disso, algumas condições, como a idade materna avançada ou problemas como diabetes gestacional, também podem aumentar os riscos.
O que dizem os números?
Os dados mostram como esse é um tema que afeta muitas famílias. No Brasil, entre 3% e 5% dos bebês nascem com alguma malformação congênita. As mais comuns são os defeitos do tubo neural, problemas no coração e fissuras no lábio ou no palato. Globalmente, estima-se que mais de 295 mil recém-nascidos morram a cada ano por complicações associadas a essas condições.
Nos países desenvolvidos, com mais acesso a exames e tratamentos avançados, o impacto é menor, mas ainda assim, o número de casos é significativo. Isso só reforça a importância de um bom acompanhamento pré-natal.
Como as malformações são diagnosticadas?
O diagnóstico é uma parte essencial para lidar com essas condições. Hoje, temos exames que permitem identificar muitas malformações ainda durante a gravidez. A ultrassonografia morfológica, por exemplo, que geralmente é feita entre a 20ª e a 24ª semana de gestação, é capaz de mostrar com detalhes o desenvolvimento do bebê e 85% das mal formações.
Outros exames, como o ultrassom com Doppler e até os ultrassons em 3D e 4D, também ajudam a enxergar com clareza se há algo fora do esperado. Em alguns casos, se houver suspeita de problemas genéticos, exames com amniocentese pode confirmar o diagnóstico.
Como é viver com um bebê que tem malformações congênitas?
Receber um diagnóstico de malformação congênita pode ser um choque, mas é importante lembrar que muitas crianças podem ter uma vida feliz e saudável, desde que recebam os cuidados certos. O primeiro passo é contar com uma equipe médica de confiança e buscar o máximo de informações.
Ter uma rede de apoio faz toda a diferença. Grupos de pais que passaram pela mesma situação são ótimos para trocar experiências e se sentir acolhido. Além disso, terapias como fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional podem ajudar o bebê a alcançar seu potencial máximo de desenvolvimento.
Não podemos esquecer também do papel da escola e da comunidade. Promover a inclusão e adaptar o ambiente às necessidades da criança garantem que ela se sinta parte do grupo e possa se desenvolver socialmente.
E dá para prevenir as malformações congênitas?
Nem sempre é possível evitar as malformações congênitas, mas existem várias formas de reduzir os riscos. A suplementação de ácido fólico, por exemplo, é uma medida simples que ajuda muito na prevenção de defeitos do tubo neural, como a espinha bífida. Por isso, é importante que mulheres em idade fértil tomem a dose recomendada, especialmente antes de engravidar.
Outra dica essencial é manter a vacinação em dia, como a imunização contra rubéola. Evitar álcool, cigarro e drogas durante a gravidez também faz uma diferença enorme, assim como manter uma dieta equilibrada e ter consultas regulares de pré-natal.
E os avanços no tratamento?
A medicina fetal tem avançado muito nos últimos anos. Hoje, já é possível realizar cirurgias intrauterinas para corrigir problemas como espinha bífida antes mesmo do bebê nascer. Após o parto, muitas condições podem ser tratadas com cirurgias reconstrutivas, uso de próteses ou até medicamentos específicos.
Além disso, a pesquisa genética continua trazendo esperanças. Terapias gênicas, que são capazes de corrigir problemas diretamente no DNA, já estão sendo testadas e prometem resultados incríveis no futuro.
Por que é importante falar sobre as malformações congênitas?
Falar sobre malformações congênitas é mais do que informar; é criar empatia e conscientização. Muitas famílias enfrentam essa realidade sozinhas, e levar o assunto à tona ajuda a quebrar preconceitos, promover o acesso ao diagnóstico precoce e garantir que essas crianças e famílias recebam o suporte necessário.
Técnica Responsável: Dra. Samantha Ramos Toledo Pessôa – CRM-SP: 104245 – Ginecologista Obstétrica e Medicina Fetal. Título em GO pela FEBRASGO, Certificado de Atuação em Medicina Fetal pela FEBRASGO.
Fontes:
- Organização Mundial da Saúde (OMS).
- Ministério da Saúde – Brasil.
- Centers for Disease Control and Prevention (CDC).
- Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).
- National Institute of Child Health and Human Development (NICHD).