Você já sentiu desconforto, ardência ou dor durante a relação sexual? Já teve a sensação de que a região íntima está mais seca, irritada ou até dolorida sem motivo aparente?
O que muita gente chama de secura vaginal, na verdade, é um sintoma bastante comum chamado ressecamento vaginal — e ele não acontece apenas na menopausa.
Neste artigo, vamos responder às principais dúvidas sobre esse tema que, apesar de frequente, ainda é cercado de vergonha e desinformação. E o mais importante: tem solução em praticamente todos os casos.
1. O que é exatamente o ressecamento vaginal?
É a redução da lubrificação natural da vagina, que pode causar desconfortos como ardor, coceira, dor nas relações sexuais, sensação de atrito e até pequenos sangramentos.
A mucosa vaginal, quando saudável, é úmida, elástica e protegida por secreções naturais que têm função de hidratar, proteger e manter o pH equilibrado. Quando esse equilíbrio se perde, ocorre o chamado ressecamento íntimo, que impacta diretamente a saúde, o bem-estar e a vida sexual da mulher.
2. Ressecamento íntimo é sinal de menopausa?
É comum nessa fase — mas não é exclusivo dela. Durante o climatério e a menopausa, há uma queda significativa dos níveis de estrogênio, o que leva à diminuição da lubrificação natural da vagina e ao afinamento da mucosa.
Porém, muitas mulheres jovens também podem sentir esse sintoma por diversas outras razões. O mais importante é entender que o ressecamento vaginal não é algo que você precisa aceitar como parte da vida — independentemente da idade.
3. Quais são as causas da secura vaginal fora da menopausa?
A secura ou ressecamento na região íntima pode ter várias causas, como:
- Pós-parto e amamentação: os hormônios também mudam, e o estrogênio pode ficar mais baixo.
- Uso de anticoncepcionais hormonais: especialmente os de baixa dosagem ou os que contêm apenas progesterona.
- Uso contínuo de medicamentos como antidepressivos, ansiolíticos e antialérgicos.
- Tratamentos oncológicos, como quimioterapia, radioterapia ou hormonioterapia.
- Estresse, ansiedade ou baixa autoestima, que afetam diretamente a resposta do corpo.
- Tabagismo, que prejudica a circulação e afeta a oxigenação dos tecidos.
- Doenças autoimunes, como a síndrome de Sjögren, que causa ressecamento em várias partes do corpo.
- Higiene íntima excessiva, com duchas vaginais ou uso de sabonetes perfumados.
Ou seja, não é preciso estar na menopausa para sentir ressecamento íntimo. Ele pode aparecer mesmo em mulheres jovens, saudáveis e com vida sexual ativa.
4. Quais são os sintomas além da falta de lubrificação?
O ressecamento vaginal não aparece sozinho. Ele costuma vir acompanhado de outros desconfortos, como:
- Ardência ou queimação na região íntima;
- Dor na relação sexual (dispareunia);
- Sensação de coceira ou irritação constante;
- Sensação de atrito, “areia” ou “corte” durante o sexo;
- Pequenos sangramentos após a relação;
- Maior predisposição a infecções urinárias ou vaginais.
Esses sintomas afetam não só o corpo, mas também a vida emocional, os relacionamentos e a autoestima da mulher.
5. Como é feito o diagnóstico?
Tudo começa com uma conversa franca com a ginecologista. Pode parecer desconfortável falar sobre esse tipo de sintoma, mas ele é muito mais comum do que se imagina — e não deve ser ignorado.
Durante a consulta, a profissional fará perguntas sobre sua saúde, estilo de vida, medicamentos e sintomas. Em seguida, um exame ginecológico simples já pode confirmar o diagnóstico. Em alguns casos, exames laboratoriais ou hormonais são indicados para investigar a causa com mais precisão.
6. O ressecamento vaginal tem tratamento?
Sim! E existem diversas opções seguras e eficazes, adaptadas para cada fase da vida e necessidade da mulher.
As principais formas de tratamento incluem:
- Hidratantes vaginais: semelhantes a cremes hidratantes para a pele, são aplicados diretamente na vagina e ajudam a restaurar a umidade natural da mucosa.
- Lubrificantes íntimos à base de água ou silicone: ideais para melhorar o conforto durante as relações sexuais.
- Terapia hormonal local (com estrogênio): indicada principalmente para mulheres no climatério e pós-menopausa, com efeitos eficazes na lubrificação e espessamento da mucosa.
- Terapias não hormonais: como o uso de ácido hialurônico ou laser vaginal, em clínicas especializadas.
- Revisão de medicamentos: em alguns casos, é possível ajustar o remédio que está provocando o sintoma.
- Terapia sexual e psicoterapia, especialmente quando há envolvimento emocional ou traumas.
Cada mulher é única, e o plano de tratamento deve ser individualizado, sempre com orientação médica.
7. Há formas de aliviar o ressecamento íntimo no dia a dia?
Sim, com alguns cuidados simples e hábitos saudáveis. Veja algumas dicas:
- Evite o uso de sabonetes perfumados, duchas vaginais e lenços umedecidos com álcool ou fragrância.
- Prefira calcinhas de algodão e evite roupas íntimas apertadas por muito tempo.
- Mantenha-se hidratada e adote uma alimentação equilibrada, rica em gorduras boas, como ômega 3.
- Pratique exercícios físicos regularmente, que ajudam na circulação e no equilíbrio hormonal.
- Não interrompa suas visitas ao ginecologista, mesmo fora da fase reprodutiva.
8. Esse sintoma pode afetar a vida sexual e a autoestima?
Sim, e com mais frequência do que se imagina. O ressecamento íntimo pode causar desconforto, insegurança, dor e até afastamento das relações sexuais — o que leva muitas mulheres a se sentirem culpadas, envergonhadas ou com baixa autoestima.
Por isso, é tão importante não silenciar esse sintoma. Procurar ajuda e falar sobre o que está sentindo é o primeiro passo para recuperar o bem-estar, o prazer e a confiança no próprio corpo.
9. Quando procurar ajuda médica?
Se você sente falta de lubrificação, dor, irritação, coceira ou desconforto persistente na região íntima, procure uma ginecologista de confiança. Esses sintomas podem ser facilmente tratados, desde que investigados corretamente.
Não espere piorar. Não ache que é “normal”. Ressecamento vaginal não é frescura, não é tabu, e não precisa ser suportado em silêncio.
10. O ressecamento íntimo tem cura?
Na maioria dos casos, sim. E mesmo quando não há uma cura definitiva, como em doenças crônicas ou na menopausa, existem formas eficazes de controlar os sintomas e viver com conforto, prazer e liberdade.
Com tratamento adequado, orientação profissional e cuidado contínuo, é totalmente possível ter uma vida íntima ativa e saudável em qualquer idade.
Ressecamento íntimo não é um sinal de “idade” nem motivo de vergonha. É um sintoma comum, com múltiplas causas e várias formas de cuidado.
Cuidar da saúde íntima é cuidar de si — física, emocional e sexualmente. Se você está passando por isso, saiba que não está sozinha. E que tem jeito.
Técnica Responsável:
Dra. Samantha Ramos Toledo Pessôa – CRM-SP: 104245
Ginecologista Obstétrica e Medicina Fetal.
Título em GO pela FEBRASGO, Certificado de Atuação em Medicina Fetal pela FEBRASGO.
Fontes:
- FEBRASGO – Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia: https://www.febrasgo.org.br
- Hospital Israelita Albert Einstein: https://www.einstein.br
- Cleveland Clinic: https://my.clevelandclinic.org
- Mayo Clinic: https://www.mayoclinic.org
- North American Menopause Society: https://www.menopause.org
- USP – Faculdade de Medicina: https://www.fm.usp.br
Imagem: Canva