Exame Transvaginal

O Ultrassom Transvaginal na Identificação de Outras Formas de Câncer Ginecológico

O ultrassom transvaginal é um exame que muitas mulheres já fizeram em algum momento da vida para investigar pequenas alterações ginecológicas. Mas você sabia que ele também é uma ferramenta poderosa para a identificação precoce de vários tipos de câncer ginecológico, como o câncer de ovário e o câncer de endométrio? Isso mesmo! E, apesar de muitas vezes ser utilizado para acompanhar a saúde reprodutiva, ele vai muito além disso e pode complementar até mesmo o rastreamento de câncer de mama em algumas situações específicas.

Então, vamos conversar mais sobre como esse exame funciona e por que ele é tão importante para a nossa saúde?

Para começar, o ultrassom transvaginal utiliza ondas sonoras para criar imagens detalhadas dos órgãos reprodutivos femininos, incluindo útero, ovários e e região anexial pélvica. Como o próprio nome sugere, o transdutor (o dispositivo que emite as ondas) é inserido na vagina, permitindo uma visão interna muito mais clara do que os exames abdominais convencionais.

Essa visualização aprofundada torna o ultrassom transvaginal essencial para identificar alterações sutis, como pequenos tumores ou alterações na espessura do endométrio, que é o revestimento interno do útero. E quanto mais cedo essas alterações são detectadas, maior a chance de sucesso no tratamento.

Aqui estão algumas formas de câncer que podem ser detectadas pelo ultrassom transvaginal:

  • Câncer de Ovário: Esse é um dos cânceres ginecológicos mais difíceis de ser diagnosticado em estágios iniciais, pois costuma ser assintomático. O ultrassom ajuda a detectar a presença de massas sólidas ou císticas nos ovários que podem indicar malignidade.
  • Câncer do Endométrio: Um endométrio anormalmente espesso é um dos primeiros sinais de alerta para o câncer do endométrio, especialmente em mulheres menopausadas. O ultrassom transvaginal é a primeira linha de avaliação para esse tipo de alteração.
  • Câncer Cervical: Embora o exame de Papanicolau seja o principal para rastrear o câncer de colo do útero, o ultrassom transvaginal pode ajudar a visualizar tumores que se estendem para o útero e não são visíveis no exame físico.

Você pode estar se perguntando: mas o que o câncer de mama tem a ver com o ultrassom transvaginal? Na verdade, muito mais do que parece. Para mulheres que têm um risco aumentado de desenvolver câncer de mama e de ovário — especialmente aquelas com mutações genéticas como BRCA1 e BRCA2 — o ultrassom transvaginal é um aliado no monitoramento preventivo. Esse exame pode ser incluído no rastreamento anual, ajudando a identificar sinais precoces de câncer ovariano, que muitas vezes ocorre junto ao câncer de mama em casos de predisposição genética. Além disso, é usado como exame controle no tratamento do câncer de mama, já que algumas medicações podem alterar o endométrio.

Uma das maiores vantagens do ultrassom transvaginal é a sua capacidade de detectar pequenas alterações precocemente. Outros benefícios incluem:

  • Alta Sensibilidade: Ele é capaz de diferenciar estruturas sólidas de líquidas, o que é crucial para identificar a natureza de um tumor.
  • Segurança: Diferente de outros exames, como a tomografia computadorizada, o ultrassom não usa radiação.
  • Procedimento Rápido e Indolor: A maioria dos exames dura menos de 30 minutos e não requer preparo especial.

Claro, como qualquer exame, o ultrassom transvaginal tem suas limitações. Ele pode não detectar tumores muito pequenos ou em localizações difíceis de visualizar. Nesses casos, exames como a ressonância magnética ou uma tomografia computadorizada podem ser recomendados para complementar o diagnóstico.

Essa é uma dúvida comum. A frequência depende de vários fatores, incluindo idade, histórico familiar de câncer e presença de sintomas como sangramento uterino anormal ou dor pélvica persistente. Se você tem um risco elevado de desenvolver cânceres ginecológicos, é essencial conversar com seu ginecologista sobre a periodicidade ideal.

O ultrassom transvaginal já é uma tecnologia bem estabelecida, mas o futuro promete ainda mais avanços! O uso de ultrassom com Doppler, por exemplo, permite analisar o fluxo sanguíneo dentro dos tumores, o que ajuda a diferenciá-los melhor. E a inteligência artificial já está começando a ser usada para analisar as imagens de maneira mais precisa, identificando padrões que podem passar despercebidos ao olho humano.

O ultrassom transvaginal é um grande aliado na prevenção e no diagnóstico precoce de diversas condições ginecológicas. Ele não só ajuda a identificar problemas comuns, como cistos e miomas, mas também desempenha um papel importante na detecção precoce de cânceres que ameaçam a saúde feminina. Portanto, não deixe de realizar os exames preventivos e acompanhar de perto sua saúde.


Técnica Responsável:

Dra. Samantha Ramos Toledo Pessôa – CRM-SP: 104245 – Ginecologista Obstétrica e Medicina Fetal na Clínica Núcleo Mater. Título em GO pela FEBRASGO, Certificado de Atuação em Medicina Fetal pela FEBRASGO.


Imagem: FreePik

Fontes:

  1. American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) – Diretrizes para uso de ultrassom transvaginal no diagnóstico ginecológico.
  2. National Institutes of Health (NIH) – Estudos sobre eficácia do ultrassom transvaginal na detecção de cânceres ginecológicos.
  3. Journal of Gynecologic Oncology – Revisões sobre novas abordagens no rastreamento de câncer ginecológico.
  4. Sociedade Brasileira de Ultrassonografia (SBUS) – Protocolos e guias para o uso de ultrassom em ginecologia.
  5. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (RBGO) – Revisões clínicas e estudos de caso no diagnóstico por imagem.