Endometriose

Endometriose: Como Identificar os Sintomas, Diagnosticar e Separar Fatos de Mitos

Você já ouviu falar em endometriose? Se você sente dores intensas durante a menstruação, tem cólicas incapacitantes ou dificuldades para engravidar, pode estar convivendo com essa condição sem saber. Muitas mulheres demoram anos para receber um diagnóstico, pois a dor menstrual intensa ainda é vista como algo “normal”. Mas não é!

A endometriose é uma doença inflamatória crônica que pode impactar profundamente a qualidade de vida e a saúde reprodutiva da mulher. Neste artigo, vamos falar sobre sintomas, diagnóstico e tratamento, além de esclarecer os mitos mais comuns. Informação de qualidade pode ser o primeiro passo para um tratamento eficaz!


A endometriose ocorre quando células do endométrio—o tecido que reveste o útero—crescem fora dele. Esse tecido ectópico pode se fixar em órgãos como ovários, trompas, intestino, bexiga e até em locais mais distantes, como o diafragma.

Assim como o tecido dentro do útero, essas células respondem aos hormônios do ciclo menstrual. Isso significa que, a cada menstruação, elas também podem sangrar, inflamando e causando aderências entre os órgãos.

As causas exatas da endometriose ainda não são totalmente compreendidas, mas alguns fatores podem estar envolvidos:

Menstruação retrógrada: Parte do sangue menstrual pode refluir pelas trompas e se fixar na cavidade abdominal.
Fatores genéticos: Mulheres com histórico familiar da doença têm maior risco de desenvolvê-la.
Alterações no sistema imunológico: O corpo pode não conseguir eliminar o tecido endometrial deslocado.
Influências hormonais: O estrogênio estimula o crescimento dessas células ectópicas, o que pode explicar por que a endometriose melhora após a menopausa.

A endometriose pode ser superficial (afetando o peritônio), profunda (atingindo órgãos internos) ou apresentar cistos endometrióticos nos ovários, chamados de endometriomas.


A intensidade da endometriose varia de mulher para mulher. Algumas podem ter a doença sem sentir dor, enquanto outras enfrentam sintomas severos. Os principais sinais incluem:

🔹 Cólica menstrual intensa (dismenorreia): Dores que começam antes da menstruação e podem persistir após o término. O uso frequente de analgésicos ou anti-inflamatórios pode ser um sinal de alerta.

🔹 Dor durante as relações sexuais (dispareunia): O desconforto, geralmente profundo, ocorre devido à inflamação e aderências na região pélvica.

🔹 Dor pélvica crônica: A endometriose pode causar um incômodo constante na pelve, que piora ao longo do tempo.

🔹 Problemas intestinais e urinários: Dor ao evacuar, alterações no hábito intestinal (prisão de ventre ou diarreia) e até presença de sangue nas fezes durante a menstruação podem indicar endometriose intestinal.

🔹 Infertilidade: Entre 30% e 50% das mulheres com endometriose podem ter dificuldades para engravidar, pois a doença pode comprometer as trompas e os ovários.

Se você sente alguns desses sintomas, não ignore! O diagnóstico precoce pode evitar complicações e melhorar a qualidade de vida.


O diagnóstico da endometriose pode ser um desafio, pois os sintomas são muitas vezes confundidos com outros problemas, como a síndrome do intestino irritável ou cólicas menstruais comuns.

Para identificar a doença, o ginecologista pode solicitar alguns exames:

🔍 1. Ultrassom transvaginal com preparo intestinal

Este exame é um dos principais métodos para detectar a endometriose, especialmente nos casos mais avançados. Ele permite visualizar aderências e endometriomas nos ovários e no intestino.

🔍 2. Ressonância magnética

Recomendada quando há suspeita de endometriose profunda, a ressonância ajuda a mapear as áreas afetadas e é essencial para o planejamento cirúrgico.

🔍 3. Laparoscopia diagnóstica

Em alguns casos, o diagnóstico só pode ser confirmado com uma laparoscopia—um procedimento minimamente invasivo em que uma câmera é inserida na cavidade abdominal para visualizar as lesões. Se necessário, os focos de endometriose podem ser removidos durante a cirurgia.

Ter um diagnóstico preciso é fundamental para definir o melhor tratamento!


O tratamento da endometriose depende dos sintomas, do desejo de engravidar e do impacto da doença na qualidade de vida. As principais abordagens são:

1️ Tratamento medicamentoso

Anticoncepcionais hormonais: Pílulas, adesivos e anéis vaginais ajudam a regular o ciclo menstrual e a reduzir a inflamação.
Progestágenos e DIU hormonal: Podem ser eficazes para impedir a progressão da doença.
Análogos do GnRH: Reduzem a produção de estrogênio, colocando o corpo em um estado de “menopausa temporária”.

2️ Tratamento cirúrgico

Em casos graves ou quando os sintomas não melhoram com medicamentos, a cirurgia pode ser indicada. A laparoscopia permite remover as lesões sem necessidade de grandes cortes.

3️ Abordagem multidisciplinar

Além dos tratamentos médicos, algumas estratégias complementares ajudam a controlar os sintomas:
Fisioterapia pélvica para aliviar dores musculares.
Nutrição anti-inflamatória, evitando alimentos que agravam os sintomas.
Acompanhamento psicológico, já que a endometriose pode afetar a saúde mental.

Cada mulher deve ser avaliada individualmente para encontrar o tratamento mais adequado para seu caso.


💡 Mito: “Dores menstruais fortes são normais”
Dor incapacitante nunca deve ser considerada normal! Se você precisa faltar ao trabalho ou tomar remédios frequentemente, procure um ginecologista.

💡 Mito: “Se tenho endometriose, nunca poderei engravidar”
✅ Muitas mulheres engravidam naturalmente ou com tratamentos especializados, como fertilização in vitro.

💡 Mito: “A única solução é a cirurgia”
✅ O tratamento clínico pode controlar a doença em muitos casos, sem necessidade de cirurgia.

💡 Mito: “Endometriose some após a menopausa”
✅ A menopausa pode reduzir os sintomas, mas em alguns casos a doença continua ativa.


Se você sente dores menstruais intensas, desconforto na relação sexual ou alterações intestinais durante a menstruação, não ignore esses sinais. A endometriose não tem cura, mas pode ser controlada com diagnóstico precoce e tratamento adequado.

O primeiro passo é buscar um ginecologista de confiança e realizar os exames necessários. A informação e o acompanhamento certo fazem toda a diferença para viver com mais saúde e bem-estar!


Técnica Responsável

Dra. Samantha Ramos Toledo Pessôa – CRM-SP: 104245
Ginecologista Obstétrica e Medicina Fetal.
Título em GO pela FEBRASGO, Certificado de Atuação em Medicina Fetal pela FEBRASGO.

📷 Imagem: Canva


Fontes

  1. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO)www.febrasgo.org.br
  2. The American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG)www.acog.org
  3. Mayo Clinic – Endometriosis Overviewwww.mayoclinic.org
  4. Hospital Israelita Albert Einstein