ultrassom transvaginal investiga a endometriose

Além do Bebê: como o ultrassom transvaginal investiga a endometriose

Entrevista com a Dra. Samantha Pessôa

Quando alguém ouve falar de ultrassom transvaginal, a associação mais comum é o acompanhamento da saúde ginecológica de rotina. Mas o exame é muito mais amplo que isso. Hoje conversamos com a Dra. Samantha Pessôa, ginecologista, obstetra e especialista em medicina fetal, sobre como o ultrassom pode ser uma ferramenta valiosa na investigação da endometriose, especialmente quando associado ao preparo intestinal.


Dra. Samantha: Ele ajuda muito. Muita gente imagina que o transvaginal avalia apenas útero e ovários. Mas, quando falamos de ultrassom transvaginal com preparo intestinal, estamos falando de um exame capaz de mapear a pelve inteira.
Conseguimos ver onde estão as lesões, se há nódulos profundos, se existe comprometimento do intestino ou da bexiga, se os órgãos perderam mobilidade por causa de aderências… Esse mapeamento orienta tanto o tratamento clínico quanto o cirúrgico.

Eu sempre começo dizendo que a endometriose acontece quando um tecido parecido com o endométrio — aquele que reveste o útero por dentro — cresce onde não deveria. Esse tecido pode aparecer em vários lugares da pelve: ovários, bexiga, intestino, ligamentos… e isso provoca dor, inflamação e até dificuldade para engravidar.
O que muita gente não percebe é que os sintomas variam bastante. Algumas têm dor incapacitante, outras convivem com desconfortos menores, e há quem quase não sinta nada. Isso torna o diagnóstico mais demorado.

Dra. Samantha: Ele ajuda muito. Muita gente imagina que o transvaginal avalia apenas útero e ovários. Mas, quando falamos de ultrassom transvaginal com preparo intestinal, estamos falando de um exame capaz de mapear a pelve inteira.
Conseguimos ver onde estão as lesões, se há nódulos profundos, se existe comprometimento do intestino ou da bexiga, se os órgãos perderam mobilidade por causa de aderências… Esse mapeamento orienta tanto o tratamento clínico quanto o cirúrgico.

Dra. Samantha: Serve para melhorar a visibilidade da pelve posterior, onde costumam aparecer os focos mais profundos.
Quando o intestino está cheio ou com muitos gases e fezes, o ultrassom perde qualidade. O preparo — que é simples, com dieta leve e um laxativo suave — deixa tudo mais claro na imagem.
Eu costumo brincar que é como limpar o vidro antes de olhar através dele. A gente enxerga muito melhor.

Dra. Samantha: O ultrassom transvaginal para endometriose é muito semelhante ao exame tradicional. O que muda é o preparo intestinal e que dedicamos mais tempo e avaliamos áreas específicas com mais cuidado.
Sobre desconforto: o exame não deveria ser doloroso. Algumas mulheres com sensibilidade pélvica podem sentir incômodo em alguns momentos, mas sempre fazemos com calma, explicando tudo durante o processo.
A experiência precisa ser respeitosa e acolhedora.

Dra. Samantha: São vários pontos importantes:

Ovários, onde podem existir endometriomas
Ligamentos uterossacros, locais frequentes de lesões profundas
Septo reto-vaginal, área entre vagina e intestino
Bexiga, especialmente a parede anterior
Reto e sigmoide, quando há endometriose infiltrativa
Peritônio pélvico

Além disso, avaliamos aderências e a mobilidade dos órgãos, o que ajuda a entender a extensão da doença.

Dra. Samantha: Não necessariamente. Eles são complementares.
O ultrassom pélvico transvaginal é excelente para ver detalhes, medir nódulos e avaliar a mobilidade dos órgãos ao vivo. Já a ressonância oferece uma visão panorâmica da pelve e ajuda muito em casos específicos.
A melhor abordagem é sempre personalizada.

Dra. Samantha: Faz muita diferença. Com o mapa das lesões, conseguimos decidir se a paciente vai se beneficiar mais de tratamento hormonal ou cirurgia.
Em caso de cirurgia, o planejamento fica muito mais seguro — não existe aquela situação de “descobrir durante o procedimento”. A equipe entra sabendo exatamente o que encontrar.

Dra. Samantha: Exato. Ele é mais indicado quando há suspeita de endometriose profunda, especialmente se a mulher relata:

• dor ao evacuar
• dor durante a relação
• cólicas intensas
• dor que irradia para as costas
• sensação de “puxar” na pelve

Para uma avaliação de rotina, o transvaginal tradicional é suficiente. Já para investigação aprofundada, o preparo intestinal melhora bastante a precisão.

Dra. Samantha: Eu sempre digo que o acolhimento é tão importante quanto o exame.
Muitas pacientes chegam achando que a dor delas é “exagero” ou “normal”. E não é.
Meu papel ali é escutar, explicar e ajudar a reconstruir o entendimento que ela tem do próprio corpo.
Quando a paciente entende o que está acontecendo e finalmente tem um diagnóstico claro, é como se alguém acendesse a luz num cômodo onde ela estava tateando há anos.

Dra. Samantha: Que esse exame não serve apenas para encontrar lesões. Ele ajuda a entender a doença.
Ajuda a mulher a participar das decisões sobre o próprio tratamento, a tirar dúvidas, a enxergar possibilidades.
É uma ferramenta que devolve autonomia — e informação boa sempre transforma.


Técnica Responsável:
Dra. Samantha Ramos Toledo Pessôa – CRM-SP: 104245
Ginecologista Obstétrica e Medicina Fetal. Título em GO pela FEBRASGO. Certificado de Atuação em Medicina Fetal pela FEBRASGO.

Imagem: Canva