Entrevista com a Dra. Samantha Ramos Toledo Pessôa
Durante a gravidez, o corpo da mulher passa por diversas transformações que afetam não apenas o bebê em desenvolvimento, mas também diversos sistemas do organismo materno. Um dos pontos que merece atenção especial é o trato urinário.
Conversamos com a ginecologista e especialista em medicina fetal Dra. Samantha Ramos Toledo Pessôa sobre um tema muito comum durante a gestação: as infecções urinárias.
Por que as infecções urinárias são mais frequentes na gestação?
Dra. Samantha Pessôa – Durante a gravidez, o organismo da mulher sofre alterações hormonais e anatômicas. A progesterona, por exemplo, relaxa a musculatura do trato urinário, o que pode favorecer a estase urinária, isto é, o acumulo de urina no trato urinário , consequentemente, a proliferação de bactérias. Além disso, o útero em crescimento pode comprimir os ureteres e a bexiga, dificultando o esvaziamento completo da urina. Tudo isso cria um ambiente mais propício para o surgimento de infecções.
Toda infecção urinária causa sintomas?
Dra. Samantha Pessôa – Não. Existe uma condição chamada bacteriúria assintomática, na qual bactérias estão presentes na urina sem provocar qualquer sintoma. Mesmo assim, ela deve ser tratada com sério cuidado, especialmente durante a gravidez, pois pode evoluir para quadros mais graves como a pielonefrite ou provocar o trabalho de parto prematuro.
Quais são os tipos mais comuns de infecção urinária na gravidez?
Dra. Samantha Pessôa – Temos três tipos principais: a bacteriúria assintomática, como comentei; a cistite, que é a infecção da bexiga e traz sintomas como dor ao urinar, vontade frequente de ir ao banheiro e sensação de esvaziamento incompleto; e a pielonefrite, que é a infecção dos rins e pode vir acompanhada de febre alta, dor lombar, náuseas e até internação.
Quais são os sintomas que devem acender um alerta?
Dra. Samantha Pessôa – Os sintomas clássicos incluem ardência ao urinar, urina com odor forte ou turva, aumento da frequência urinária e sensação de bexiga cheia mesmo após urinar. No entanto, sintomas como febre, calafrios, dor na região lombar ou sangue na urina podem indicar uma infecção mais séria, como a pielonefrite, e exigem atendimento imediato.
Por que é tão importante tratar rapidamente uma infecção urinária na gestação?
Dra. Samantha Pessôa – Porque as complicações podem afetar tanto a mãe quanto o bebê. Uma infecção não tratada pode levar a parto prematuro, baixo peso ao nascer e, em casos mais graves, a infecção generalizada. A gestação é um momento delicado, e cada detalhe conta para garantir a segurança dos dois.
Como é feito o diagnóstico?
Dra. Samantha Pessôa – A partir de exames simples de urina, como o exame tipo 1 e a urocultura. Mesmo quando a gestante não apresenta sintomas, esses exames costumam fazer parte do pré-natal, justamente para detectar possíveis infecções silenciosas.
O tratamento é seguro para a mãe e o bebê?
Dra. Samantha Pessôa – Sim. Existem antibóticos seguros para uso durante a gravidez, e o médico sempre avalia o tipo de medicamento mais adequado conforme a fase da gestação e o tipo de infecção. O que não se pode fazer é ignorar o problema ou tentar automedicação.
Há formas de prevenir a infecção urinária durante a gestação?
Dra. Samantha Pessôa – Sim, e a prevenção faz parte do cuidado integral com a saúde da mulher. Beber bastante água, manter a higiene íntima adequada, evitar prender a urina por muito tempo, urinar após as relações sexuais e dar preferência a roupas confortáveis e de algodão são atitudes que fazem diferença.
Que mensagem você deixaria para as mulheres que estão esperando um bebê e se preocupam com esse tema?
Dra. Samantha Pessôa – A gestação é um momento de muitas mudanças, mas também de escuta. Escute seu corpo, suas sensações e nunca hesite em buscar orientação quando algo parecer fora do normal. Infecções urinárias são comuns, mas quando identificadas e tratadas com atenção, não representam risco.
Técnica Responsável: Dra. Samantha Ramos Toledo Pessôa – CRM-SP: 104245
Ginecologista Obstétrica e Medicina Fetal. Título em GO pela FEBRASGO, Certificado de Atuação em Medicina Fetal pela FEBRASGO.