hormônios afetam suas emoções

Ginecologia e saúde mental: mitos e verdades sobre o impacto dos hormônios

Você já se perguntou por que, em certos momentos do mês, parece que suas emoções estão à flor da pele? Ou por que algumas fases da vida vêm acompanhadas de um turbilhão de sentimentos difíceis de explicar? A resposta pode estar mais perto do que você imagina: nos seus hormônios.

A conexão entre sistema reprodutivo feminino e saúde mental é real e cada vez mais reconhecida pela medicina. Mas ainda existem muitos mitos por aí — e é hora de esclarecer.

Neste artigo, vamos desmistificar as ideias mais comuns e explicar, com base científica, como os hormônios podem influenciar o bem-estar emocional da mulher. Preparada?


Falso. As variações hormonais têm, sim, efeitos reais no cérebro e nas emoções. Estrogênio e progesterona — os dois principais hormônios sexuais femininos — atuam em áreas do cérebro relacionadas ao humor, como o hipotálamo, a amígdala e o hipocampo.

Em momentos como fase lútea do ciclo menstrual, puerpério, pós-parto, TPM intensa, perimenopausa e menopausa, essas alterações podem causar sensações de tristeza, irritabilidade, ansiedade ou mesmo episódios depressivos. Não é “frescura”. É biologia.


Sim. Mulheres com histórico de depressão, transtornos de ansiedade ou transtorno bipolar podem perceber agravamento dos sintomas durante fases de mudança hormonal intensa.

Por isso, o acompanhamento ginecológico e psicológico em conjunto é tão importante. A saúde da mulher precisa ser avaliada de forma integral — mente e corpo se conectam o tempo todo.


Não é bem assim. A famosa TPM — Tensão Pré-Menstrual — existe, é reconhecida pela medicina, e pode se manifestar de formas diferentes em cada mulher.

Algumas sentem apenas um leve desconforto, mas outras enfrentam dores físicas, cansaço, baixa autoestima e até quadros graves como o Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM), que é uma condição clínica com impacto significativo na vida diária.

Levar a sério o que você sente é o primeiro passo para cuidar de si.


Com certeza. Durante a gestação, o corpo passa por uma verdadeira revolução hormonal. Estrogênio, progesterona, prolactina e ocitocina entram em cena em doses elevadas, preparando o corpo para gerar e nutrir uma nova vida.

Esses hormônios também afetam o humor. É comum sentir:

  • Alterações de apetite e sono
  • Oscilações entre alegria e choro
  • Ansiedade sobre o futuro
  • Medo do parto
  • Sensação de vulnerabilidade

Essas emoções são esperadas — mas se forem intensas ou persistirem por muito tempo, é fundamental conversar com a equipe de saúde.


Não necessariamente. Menopausa não é sinônimo de sofrimento, mas pode, sim, trazer desafios.

A queda na produção de estrogênio pode provocar:

  • Alterações no sono
  • Redução da libido
  • Secura vaginal
  • Ondas de calor
  • Irritabilidade e tristeza

Mas isso não precisa ser enfrentado sozinha. Há tratamentos que vão muito além da reposição hormonal: mudanças no estilo de vida, acompanhamento psicológico, atividades físicas, suporte social e estratégias naturais podem ajudar muito.


Quando a mulher sente que está sendo ouvida, respeitada e compreendida, ela se abre para compartilhar o que sente — mesmo o que é mais difícil de verbalizar.

Um cuidado humanizado em ginecologia olha para além do exame físico. Ele reconhece que corpo, mente e emoções andam juntos, e que nem sempre o que parece “hormonal” é simples de resolver com uma pílula.

Por isso, encontrar profissionais que acolham com empatia e escuta ativa é essencial.


Nem sempre. Os anticoncepcionais podem ajudar a regular o ciclo e suavizar algumas variações hormonais, sim. Mas eles também podem aumentar a sensibilidade emocional em algumas mulheres, especialmente aquelas com histórico de depressão ou ansiedade.

Cada organismo reage de forma diferente. Por isso, nunca comece ou troque medicações por conta própria. A avaliação precisa ser personalizada.


Sentir que algo não está bem emocionalmente, perceber que o humor muda com o ciclo ou que certos períodos da vida trazem mais angústia, não é motivo de vergonha.

Pelo contrário: reconhecer esses sinais e buscar ajuda é um passo importante de autocuidado.

O acompanhamento ginecológico aliado a um suporte psicológico pode trazer alívio, compreensão e ferramentas para lidar melhor com as fases difíceis.


O corpo feminino é um universo em constante transformação. Ciclos, fases e hormônios fazem parte dessa jornada — mas não definem quem você é.

Quando a ginecologia caminha ao lado da saúde mental, o cuidado se torna mais completo, mais sensível e mais eficaz. Porque a mulher não é só um corpo a ser tratado — ela é uma pessoa inteira a ser acolhida.


Técnica Responsável:

Dra. Samantha Ramos Toledo Pessôa – CRM-SP: 104245
Ginecologista Obstétrica e Medicina Fetal na Clínica Núcleo Mater.
Título em GO pela FEBRASGO, Certificado de Atuação em Medicina Fetal pela FEBRASGO.


Fontes:

Hospital Israelita Albert Einstein – TPM e TDPM

USP – Instituto de Psiquiatria – Saúde mental da mulher

FEBRASGO – Menopausa

Manual MSD – Efeitos hormonais no sistema nervoso central

Organização Mundial da Saúde – Saúde Mental e Bem-Estar das Mulheres